Do yorubá, a palavra Okan pode ser traduzida como coração ou alma, e Kekerê como pequeno. Assim temos algo como o “pequeno coração”. A intenção é afetar, além das crianças, a todas as pessoas que preservam, em seu espírito, a sabedoria dos pequeninos e pequeninas.
 
"Nossa ancestralidade africana é um livro encantador, necessário e urgente!
Encantador porque trata de um tema maravilhoso que não deve ser tomado como tabu pela sociedade brasileira, uma vez que essa sociedade, por conta de todas as dimensões que envolvem o processo de colonização deste país, é uma sociedade mista, multicolorida. O livro aborda o assunto do colorismo com doçura, mas também com objetividade, que é a melhor epistemologia para se educar as crianças do século XXI, crianças bombardeadas de informações desde muito cedo. 
É um livro necessário porque é nessa fase, a dos primeiros anos escolares, que a criança tem contato com as diferentes culturas das diferentes crianças em sala de aula. Frequentemente, e isso tem sido reafirmado pela população negra, é na fase infantil que o sujeito social negro se reconhece enquanto tal da pior maneira possível, pois, via de regra, é por meio de atitudes racistas que as crianças negras são informadas, pela sociedade brasileira, que são negras.
Exatamente por isso, que a leitura de livros que abordem a questão do colorismo em sala de aula na tenra idade é urgente! É nesta faixa etária que as crianças iniciam seu processo de formação de personalidade e, também, é o período em que os seres humanos se tornam racistas, ou não. Se de fato queremos eliminar o racismo estrutural, ele deve ser combatido nas bases a fim de evitar que ele seja naturalizado pela sociedade brasileira, como tem sido nos últimos séculos e a escola tem um papel fundamental nesta luta!
Obrigada Geruza por nos presentear com esse livro, que se existisse na época em que eu fui criança teria me ajudado e a tantas outras crianças negras a compreenderem que não há nada de errado em ser negro, pelo contrário, que é um motivo de orgulho, porque somos muitos, somos lindos e somos herdeiros de uma ancestralidade poderosa."

Adna Candido de Paula